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Facebook quer receber “nudes”… para impedir a publicação de “nudes”

O Facebook parece ter encontrado uma solução estranha para evitar o vazamento de fotos ou vídeos de nudez: o próprio usuário ou usuária enviar suas fotografias ou gravações para os sistemas internos da rede social.

A partir desse envio consentido, algoritmos analisariam características específicas da imagem, sem intervenção humana, produziriam um hash para identificá-las e impediriam sua publicação sem a autorização do dono.

O objetivo é evitar tanto o vazamento provocado por invasores que acessam os dispositivos de suas vítimas e chantageiam ou publicam diretamente as imagens na internet quanto prevenir o chamado “pornô vingativo”, quando a fotografia foi tirada com consentimento na época mas, após o término de uma relação afetiva, o parceiro ou parceira posta as imagens sem autorização como forma de humilhar a pessoa.

O sistema polêmico foi desenvolvido pelo Facebook em parceria com a entidade governamental e-Safety Commissioner, que luta pela segurança digital e está em fase de testes na Austrália. O princípio é análogo ao já adotado pelo Facebook para identificar pessoas em fotografias publicadas na rede social. Desta forma as informações algorítmicas do nude, mas não o arquivo original, seriam armazenadas em um banco de dados que poderia ser utilizado para comparar publicações e evitar que a foto seja exibida na plataforma.

Uma estratégia idêntica já está em vigor no Facebook desde Abril, analisando fotos que já foram publicadas e identificadas como “pornô vingativo” na rede social e evitando que elas se espalhem. A proposta agora é prevenir que elas sequer apareçam inicialmente na plataforma, através da iniciativa do próprio usuário, proprietário do arquivo original.

A iniciativa vem sendo recebida com desconfiança pelos usuários, mas Julie Inman Grant, representante da e-Safety Commissioner, explica:   “eles não estão armazenando a imagem. Eles estão armazenando o link e usando inteligência artificial e outras tecnologias de correspondência de fotos. Então, se alguém tentasse fazer o upload daquela mesma imagem, que teria a mesma assinatura digital ou valor de hash, o upload seria impedido”.