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Interpol tornou fotos alteradas do suspeito “identificáveis”

Os especialistas responsáveis pelo “conserto” das fotos alteradas de um pedófilo não quiserem divulgar a técnica que tornou as imagens do criminoso “identificáveis”. No entanto, um especialista ouvido pelo G1 acredita no uso do Photoshop, tradicional software de edição de imagens, para desfazer as transformações que tornaram o homem irreconhecível.

“É um processo muito complicado, de tentativa e erro, que envolve tempo e paciência. Acredito que os especialistas tenham ampliado muito a foto e tentado acertar a imagem centenas de vezes”, afirmou Edson Tanaka, autor do livro “Adobe Photoshop 7.0”, da editora Campus. “É como procurar uma agulha no palheiro”, compara.

Apesar de a Interpol (polícia internacional) ter divulgado nesta segunda-feira (8) fotos em que o pedófilo pode ser reconhecido, sua identidade ainda é desconhecida.

Tanaka não acredita no uso de softwares diferenciados para essa missão, porque o padrão de alteração de cada imagem varia muito. Assim, seria necessário criar um algoritmo diferente para “consertar” cada uma das fotos modificadas pelo criminoso. Isso, afirma, poderia dar até mais trabalho do que a árdua estratégia da tentativa e erro.

Para alternar as imagens, diz Tanaka, o pedófilo provavelmente utilizou um filtro de distorção do Photoshop chamado Twirl. “Os especialistas alemães [responsáveis por tornar o homem reconhecível] tiveram de procurar o que foi alterado e onde começou a distorção, para aplicar o montante certo de distorção no sentido inverso”, explicou o especialista ao site G1. Algumas referências exibidas no fundo da foto, como uma cortina, podem ter ajudado.

Ainda de acordo com Tanaka, não basta selecionar “mais ou menos” a área modificada, pois o efeito do filtro é bem radical. “Um leve deslocamento do ponto de origem, o ‘olho do furacão’, já influenciaria no resultado.”

A agência de notícias Associated Press realizou um teste com as imagens e tirou uma conclusão parecida com a de Tanaka. “Conseguimos produzir em questão de minutos uma imagem quase reconhecível a partir da foto alterada distribuída pela Interpol. Para isso, usamos softwares disponíveis no mercado para a edição de fotografias”, diz a agência. Depois de “consertar” quatro fotos do pedófilo divulgadas na internet, a Interpol fez um apelo nesta segunda-feira (8) para que os internautas ajudassem na identificação do criminoso. Em 12 horas, a instituição recebeu cerca de 200 mensagens. “Tivemos muitas respostas e elas vieram de todo o mundo. Algumas delas incluem informações detalhadas, como nomes e endereços”, afirmou Anders Persson, sueco que trabalha na unidade de tráfico de pessoas da Interpol, à agência de notícias Associated Press.

Segundo os policiais, o suspeito viajou o mundo para cometer crimes contra as crianças – há imagens feitas no Vietnã e também no Camboja. O pedófilo ganhou o apelido de “Vico”, depois que as autoridades perceberam que as cerca de 200 fotos distorcidas, com pelo menos 12 jovens diferentes, mostravam o mesmo homem.

“Durante anos, a imagem desse homem abusando das crianças circulou na internet. Tentamos de todas as maneiras identificá-lo e trazê-lo à Justiça, mas estamos convencidos de que sem a ajuda pública esse predador sexual continuaria a estuprar e abusar de crianças”, afirmou em comunicado Ronald K. Noble, secretário geral da Interpol.

Com informações de G1.