Categorias

Mac OS X Leopard traz 300 novos recursos

'Leopard' facilita a visualização de arquivos
Se você fosse uma empresa de tecnologia, o que acrescentaria à sexta versão anual de seu sistema operacional? Não que houvesse erros gritantes deixados nas versões antigas. Além disso, ninguém está desesperado por uma maneira melhor de organizar fotos.

Esse foi o desafio enfrentado pela Apple ao desenvolver o Mac OS X 10.5, apelidado de Leopard, que começa a ser vendido nesta sexta-feira (26), após quatro meses de atraso, nas lojas de todo o mundo — inclusive no Brasil.

Preço nos EUA: US$ 110 on-line, US$ 190 para o pacote familiar, ou gratuito em um Mac novo. No Brasil, o ‘Leopard’ terá o preço de R$ 269 ou, no pacote com cinco licenças, R$ 399. O consumidor que tiver comprado um Mac depois de 1º de outurbro pode atualizar o sistema por R$ 19.

Como ressalta Steve Jobs, pelo preço cobrado nos EUA, “todo mundo compra a versão mais recente ou Ultimate”. (É um golpe na Microsoft, que vende o Windows Vista em pelo menos cinco versões, chegando a cobrar US$ 330 pela versão Ultimate).

Para a Microsoft, foi um pouco mais fácil com o Vista porque todos sabiam do que o Windows precisava: mais segurança. Talvez seja difícil invadir o Mac OS X ou talvez os desenvolvedores de vírus considerem a participação de mercado de 8% do Mac insignificante demais para se darem o trabalho. Mas em seis anos, o Mac OS X não sofreu nenhum ataque brutal de vírus ou infestação de spywares.

Portanto, a missão da Apple, no caso do Leopard, foi nos conscientizar das necessidades que nunca soubemos que tínhamos, algo que a Apple normalmente faz muito bem.

Novos recursos
O site da Apple descreve 300 recursos novos no Leopard. Nem todos são muito significativos. Eles incluem: fonte em braile, protetor de tela com a “Frase do Dia” e corretor ortográfico em dinamarquês. (Calma, gente).

Felizmente, há outros recursos que fazem o usuário dar um tapa na cabeça e dizer, “Como não pensaram nisso antes?”. O mais enaltecido pela Apple, e com razão, chama-se Time Machine, que é um programa de backup.

Concordo, o mundo está cheio de programas de backup. Mas quase ninguém os utiliza. É muito provável que você, neste exato momento, não tenha um backup regular automatizado de seu computador inteiro.

O Time Machine mantém diversos backups de tudo, programas, configurações, arquivos, fotos, até do próprio sistema operacional, em um disco rígido secundário (ou outro Mac Leopard em rede). A necessidade de ter uma segunda unidade é uma chatice, mas um mal necessário. Além disso, os discos rígidos são baratos. Você pode comprar um interno de 250 GB por US$ 75, nos Estados Unidos.
Quando você conecta a unidade secundária, o Leopard pergunta se deseja usá-la para o Time Machine. Clique em OK e pronto. Um clique. Esse deve ser o caminho mais curto de todos os sistemas de backup já lançados na história.

O Time Machine atualiza a cópia de sua unidade principal a cada hora, embora você também possa acionar atualizações de acordo com a sua necessidade. Em suma, o Time Machine substitui aqueles backups realizados de hora em hora por um backup acionado apenas uma vez por dia, todos os dias; ao final do mês, eles são substituídos por um único backup gerado no final do mês. (A Apple supõe que você não vá demorar um mês inteiro para perceber que seu disco rígido travou.)

Na ocorrência de desastres, manchas na superfície solar, cônjuge indignado ou esgotamento físico e mental, entre no modo de recuperação do Time Machine. A área de trabalho brilhante e de visual moderno do Leopard se abre como uma cortina, revelando, maravilhosamente, um mar de estrelas do espaço sideral. A janela, que continha os seus arquivos, continua pairando diante de você, com dezenas de iterações próprias, como cartões de arquivos, recuando para o fundo.

Agora você pode retroceder no tempo por meio de rolagem até a janela travar como o fez antes do desafortunado acontecimento. (Você também pode usar a caixa de Pesquisas para localizar arquivos que sumiram.) Ao encontrar os arquivos desejados e clicar em Restaurar, a área de trabalho normal desliza novamente para a exibição. Os ícones recuperados retornam na janela original.

Visualização de arquivos
Nem todo mundo cai no feitiço desse espaço sideral animado maravilhoso. Os críticos o chamam de colírio para os olhos desnecessário. Mas tornar o Time Machine atrativo, além de visível e fácil de usar, faz parte da missão. Quanto mais pessoas se convencerem de usá-lo, mais elas serão poupadas da tristeza de perder suas fotos, músicas e e-mails.

Esse não é o único recurso que chegou para mudar a rotina do usuário. O Quick Look permite o toque na barra de espaço para você visualizar o conteúdo de um ícone de um documento em tamanho completo, exatamente na área de trabalho, sem precisar abrir o programa que o criou. Funciona com a maioria dos tipos de arquivo Word, Excel, PowerPoint, PDF, HTML, pacote iWork da Apple, arquivos de texto, fotos, músicas, filmes fontes, e assim por diante. E é fantástico.

Há ainda o Spaces, que oferece até 16 monitores virtuais em tamanho completo. Você pode estacionar as janelas de um programa, atividade ou projeto diferente em cada uma: e-mail e chat na tela 1, Photoshop na tela 2, por exemplo, e alternar entre todos esses “monitores externos” como bem entender. Uma visualização bem bolada permite arrastar essas telas virtuais no espaço e até arrastar janelas abertas entre uma tela e outra.

O software de tela virtual não é novidade. Mas tê-lo embutido na máquina, e com um acabamento tão bem feito, faz uma diferença enorme.

Os controles de acesso ou de nível de exibição do Leopard não devem nada aos do Windows Vista. Agora você pode determinar limites de tempo de uso do computador dos seus filhos (diferentes para dias da semana e finais de semana), e até fazer com que o Mac trave na hora de a criança dormir. Um registro monitora as atividades do seu filho, inclusive e-mails e pessoas com que ele fala pelo chat, além dos sites que ele visitou.

A lista de outros benefícios menores é extensa: um Boot Camp mais bem acabado permite reiniciar os atuais modelos de Mac no Windows. O compartilhamento de tela, pela rede ou internet, permite que os mestres dêem assistência a distância aos novatos. Os Web Clips permitem que você capture uma área retangular de qualquer página da web e a salve como um recurso de auto-atualização em sua área de trabalho, o que é excelente para ficar a par de listas de best-sellers, principais manchetes ou seções de vídeos mais assistidos. O programa Dictionary agora também pesquisa a Wikipedia.

O programa de chat com texto/voz/vídeo iChat agora permite que você use uma foto ou um filme como tela de fundo quando estiver em uma vídeo-conferência, como um efeito tela azul (blue-screen), mas sem a tela azul. Ele também permite que você exiba documentos, apresentações ou filmes aos seus colegas de vídeo-conferência.
Além disso, o modo invisível deixa você ver quem está on-line, mas os outros não podem ver nem incomodar você.

Deslizes
Bem, nem todos os recursos do Leopard são um arraso. Vamos pensar no Stacks, por exemplo. Quando você clica no ícone de uma pasta na Dock (a fileira de ícones de acesso rápido na parte inferior da tela), você visualiza seu conteúdo, disposto como um leque ou uma grade de ícones pairando no espaço.
Isso é útil se você quiser abrir ou arrastar um deles. E como os ícones no Leopard são autênticas miniaturas dos documentos que eles representam, é interessante ter uma pré-visualização daquilo que você está prestes a abrir.

Entretanto, se a pasta estiver muito cheia, a “pilha” exibe apenas parte do conteúdo. (Nas versões anteriores do Mac OS X, um clique em uma pasta da Dock gerava um menu simples, porém completo, de seu conteúdo.)

O deslize mais grave do Leopard são os seus novos menus see-through (visualização por seleção transparente). Quando os comandos do menu, por exemplo, Salvar Como, Visualização da Página, ou qualquer outro, são sobrepostos no texto de qualquer documento que esteja por trás deles, eles ficam bem mais difíceis de ler. Muitas vezes, a interface gráfica atrativa da Apple se justifica pois ela faz o Mac ser mais divertido de usar. Neste caso, porém, nada se ganha, e muito se perde.

Afora isso, o único motivo de pausa é o usual pequeno conjunto de 1.0 bugs, que a Apple normalmente corrige com atualizações de software após um grande lançamento.
Forcei meu sistema durante uma semana usando o mais novo software Leopard e encontrei um ou outro problema com o Spaces, fazendo uma sincronização automática entre Macs e mudando a seqüência de execução de programas. Encontrei também alguns poucos programas e complementos que precisarão de atualizações para serem executados no Leopard.

Por outro lado, o Leopard conserva todos os benefícios das versões anteriores do Mac OS X. Para espanto de muitos refugiados do Windows, o Mac OS X não requer número de série e nem “ativação”; não tem proteção contra cópias. Não confunde a área de trabalho com pedaços de softwares gratuitos de outras empresas. Não há balões de assistência irritantes nem incentivos de compras.

O Leopard se sai bem na compatibilidade com equipamentos mais antigos também. Graças a modestos requisitos mínimos de sistema (512 MB de memória, 867 MHz), a Apple afirma que o Leopard roda em Macs de três anos atrás e até em máquinas de seis anos atrás que, na época, eram de ponta.

O Leopard é potente, tem um bom acabamento e foi concebido com cuidado. Agradáveis surpresas e pouquíssimas decepções estão à disposição. O Leopard possui mais de 300 novos recursos e a maioria é extremamente bem-vinda.

* David Pogue é colunista de tecnologia do “The New York Times”. Autor de diversos livros, ele também é responsável pela série Missing Manual, que ensina como usar programas de computador.

Com informações de G1.