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Quem matou a Enciclopédia Britânica?

Sua estante vai ganhar espaço...
Desde 1768, a Enciclopédia Britânica foi uma referência mundial em termos de fonte de conhecimento e presença quase obrigatória nas estantes de muitas famílias. A partir deste ano, sua versão impressa deixa de existir e os esforços de produção irão se concentrar somente na versão online. O que aconteceu?

Segundo o historiador Yoni Appelbaum, consultado pela revista eletrônica Wired,a Enciclopédia Britânica desde sua fundação era mais sobre a “exibição do conhecimento” do que pelo seu conteúdo em si, um símbolo de status para uma burguesia europeia emergente. “Eu suspeito que quase ninguém jamais abriu sua Britânica”.

Ao contrário do que possa parecer, não foi o surgimento da Wikipedia que matou a enciclopédia tradicional, mas o advento da computação doméstica. Os primeiros computadores vendidos para as famílias tinham como chamariz a tal “fonte de conhecimento”. Junto com os primeiros Windows, a Microsoft distribuía gratuitamente a Encarta, versão digital dos livros do passado. Para muitas famílias, investir em um computador para os seus filhos era o equivalente a comprar uma Enciclopédia Britânica.

Ironicamente, a Microsoft queria que os criadores da Britânica produzissem uma versão em CD-ROM para acompanhar o Windows 1.0 em 1980, mas não foram atendidos. O resultado foi uma parceria com a editora Funk & Wagnall que gerou a Encarta. A Britânica correria atrás do prejuízo em 1989, quando finalmente lançou uma versão digital. Mas já era tarde demais. A empresa faliu e foi vendida em 1996, cinco anos antes da Wikipedia ser lançada.

As últimas unidades dos 32 volumes da Enciclopédia Britânica estão sendo vendidas agora. Quando acabarem, o estoque não será mais renovado. E um legado de 244 anos chegará ao fim diante das novas tecnologias.

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