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Dicas para melhorar a postura enquanto trabalha em casa

Não é porque você está trabalhando em casa durante a pandemia que tudo é mais tranquilo. Talvez, você ache bacana responder emails da mesa da cozinha, programar na varanda em uma cadeira de praia ou escrever um relatório de pijamas sentado na cama. Pode parecer um paraíso nos primeiros dias, mas é apenas uma questão de tempo até seu corpo esboçar sinais de desgaste. A verdade é: a menos que você tenha a infraestrutura correta, seu lar não foi pensado para uma jornada de trabalho.

Nos bons escritórios, existe toda uma sistemática focada na ergonomia, a boa relação entre o bem estar do funcionário e a produtividade. Equipamentos e ambientes são ajustados para o profissional. Em casa, costuma ser o contrário: é você se adaptando ao novo cenário e tentando transformar aquilo em um local de trabalho.

No Brasil, esse tema é monitorado nas empresas pela Norma Regulamentadora NR-17, do Ministério do Trabalho. Ela determina que os ambientes de trabalho devem obedecer a regras pertinentes a levantamento, transporte e descarga de materiais; mobiliário; equipamentos; condições ambientais (ruído, temperatura, iluminação) e organização do trabalho (ritmo de trabalho, operações). Empregadores que não cumprirem as normas especificadas podem sofrer sanções da fiscalização.

Mas… e na sua casa? Quem fiscaliza? Você deve ser o responsável por seu próprio conforto e ergonomia. Para o profissional de TI, isso implica principalmente em salvaguardar sua postura diante do computador, incluindo a escolha correta de seu equipamento,  e disciplina pessoal no uso do tempo.

“Você não pode ser produtivo quando está sentindo dor”. Parece uma declaração óbvia, mas é uma realidade que muitos profissionais não prestam atenção. A afirmação foi feita pela doutora Susan Hallbeck, presidente da Human Factors and Ergonomics Society e pesquisadora da Mayo Clinic, um dos maiores centros acadêmicos de medicina nos Estados Unidos. A conclusão negligenciada por muitos é que ergonomia é um assunto sério e a adequação incorreta do ambiente de trabalho pode levar a danos ao organismo, incluindo lesões permanentes.

Se você ainda não tinha pensado nisso antes, esse é um bom momento para avaliar a compra de um equipamento ou acessórios mais ajustados a suas necessidades.

Não por acaso, Sundar Pichai, CEO do Google, anunciou que a empresa irá destinar o equivalente a US$1000 para cada funcionário adquirir o equipamento de escritório necessário para adaptar sua própria residência aos desafios do home office. A expectativa da gigante da tecnologia é que a maioria de sua força de trabalho adote permanentemente esse modelo de produção. Na melhor das hipóteses, o Google prevê que seus funcionários trabalhem de casa, pelo menos, até o final desse ano, com uma presença mínima nos escritórios físicos.

Portanto, vamos analisar separadamente cada um dos elementos que vão ajustar a melhorar sua postura no home office, otimizando sua ergonomia.

Cadeira

De acordo com  Ellen Kolber, fundador da ErgonomicsNYC, “o maior problema que há em se trabalhar em casa é que a cadeira não é ajustável. Você não pode mudar a altura, então não pode mudar a forma como está atingindo ou apoiando você”. Então, esqueça aquela cadeira de madeira da sala de jantar ou a banqueta da cozinha e invista em uma cadeira de escritório ajustável, que permita configurar a altura corporal e o descanso dos braços.

No Brasil, é possível encontrar uma boa seleção de cadeiras ergonômicas na DX Racer.

Mesa

Uma alternativa que pode substituir ou ser combinada com a cadeira é a mesa ajustável, com regulagem de altura. Não há cadeira que resolva sua postura se a mesa em que repousa seu equipamento é baixa demais ou alta demais e, consequentemente, inadequada para uma jornada de longas horas de trabalho. Uma solução improvisada seria posicionar teclado e monitor na elevação correta com livros ou outros objetos planos, mas o ideal é investir em uma solução desenhada para o seu conforto.

Um movimento que tem se espalhado entre alguns profissionais é a postura standing desk, ou seja, trabalhar em pé, com monitor e teclado levantados. De acordo com algumas pesquisas, essa posição reduz o risco de obesidade, desestimula o sedentarismo (em posição a trabalhar sentado, que estimularia o problema), ajuda a prevenir diabetes tipo 2, favorece a circulação sanguínea e aumenta a resistência a doenças vasculares e, assim, consequentemente aumenta a expectativa de vida.

No Brasil, é possível encontrar uma boa seleção de mesas ergonômicas e reguláveis na GenioDesk, inclusive com diversos acessórios para o standing desk.

Monitor

“Quando você está trabalhando, não deveria olhar para cima nem para baixo”, aconselha Kolber. A doutora Hallbeck reitera a dica: “a questão crítica é separar o teclado do monitor, de forma que você tenha seu monitor na linha correta de visão: no nível dos olhos ou ligeiramente abaixo. Então, ajuste seu teclado ou dispositivo de entrada de forma que o ângulo do seu ombro esteja em torno de 90 graus”.

Para quem trabalha com um notebook, elevar a tela significa elevar o teclado, o que também gera desconforto. A recomendação é obter um segundo monitor ou um segundo teclado e posicioná-los corretamente.

No Brasil, diversas lojas comercializam monitores.

Teclado e mouse

Um aspecto que costuma ser negligenciado na ergonomia é o combo teclado e mouse. Considerando que são os dispositivos em que nossas mãos interagem o tempo todo, um equipamento que respeite as características biológicas das articulações e do punho pode evitar o risco de microfaturas ou a temida Lesão do Esforço Repetitivo (LER). Um mousepad com descanso em gel é uma boa recomendação e existem versões para teclado também.

Avalie também a possibilidade de uso de um teclado mecânico, que exige menos esforço para as teclas e permite uma digitação mais suave e, consequentemente, com menos impacto nos dedos.

No Brasil, diversas lojas comercializam teclados e mouses. Nossas recomendações vão para os produtos da Red Dragon e Razer.

Intervalos e qualidade do tempo

Uma boa postura no home office vai além de um bom equipamento e uma coluna ereta. Pausas e movimentação também são importantes para se evitar o desgaste corporal. Kirsty Angerer, consultora de ergonomia em Leicester, Inglaterra, destaca que “devido a tudo o que precisamos estar muito mais próximos, naturalmente nos moveremos menos do que quando estávamos no escritório: agora são apenas alguns passos para a cozinha, o banheiro, a sala de estar e o quarto”.

Uma postura sedentária pode levar a prejuízos para a saúde. Pequenos gestos comuns de um escritório, como se mover até a mesa do café ou até a baia de um colega de trabalho, ou típicos de quem trabalha fora, como caminhar um quarteirão até o restaurante no horário do almoço, foram removidos de nosso cotidiano quando adotamos o home office. Saber o momento de pausar uma tarefa repetitiva e circular, nem que seja pela própria casa, é essencial.

Angerer lembra que seus olhos também exigem cuidado: “nossos olhos possuem músculos, de forma que precisamos movê-los regularmente também”. Afastar o olhar do monitor por 20 segundos a cada 20 minutos é uma prática que pode evitar a fadiga nos olhos final do dia ou dores de cabeça.

Para quem consegue se disciplinar, uma ferramenta bastante útil para gerenciamento de tempo é a Técnica Pomodoro. Através dela, é possível alternar períodos de trabalho com pequenas pausas que ajudam o corpo e a mente.

Existem diversos programas e aplicativos que podem auxiliar os menos organizados e alertar os profissionais de quando pode ser um bom momento para esticar as pernas e dar um pulo até a cozinha.