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“A novidade, e boa notícia para quem está no negócio de TV Digital, é a de que o governo voltou a se articular e retomou todos os planos em andamento no fim do governo Lula, e que estavam parados, a espera de definições”, afirmou o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa, em entrevista por telefone na noite dessa sexta-feira.

Isso inclui a elaboração de um plano para incentivar a produção e a venda de conversores digitais “populares” ( a preços acessíveis para as clases C e D). E estudos e negociação com a indústria para transformação do Ginga, o middleware interativo desenvolvido no Brasil, como componente obrigatório nos equipamentos (celulares, conversores e televisores) produzidos no país.

“A obrigatoriedade da inclusão do Ginga é um dos caminhos que estamos olhando para incentivar a interatividade, e que o governo vê com grande simpatia, já o interesse de usar a TV Digital como ferramenta de inclusão social. Podemos descobrir outros”, disse Barbosa.

“Não dá mais para aguardar um cronograma só dos atores extra governo. A intenção é usar a TV Pública e sua estrutura [o operador nacional de rede] para fomentar a interatividade, principalmente dos serviços de T-Gov. A rede pública de televisão deve ser o arauto dessa interatividade”, completou o assessor da casa Civil.

Segundo ele, o governo vai articular com os ministérios a publicação de editais para a migração dos serviços de e-gov hoje existentes para a TV pública. “Já conversamos com a EBC. Isso é prioridade”, afirmou. “Inicialmente a TV pública vai receber os primeiros investimentos para desenvolvimento de software interativo para serviços públicos”.

Ao apagar da era Lula, a equipe de governo que cuidava da TV Digital estava convencida de que o Brasil precisava acelerar a transição para a recepção da TV Digital interativa, a tempo de levar o maior número possível de brasileiros usufruindo dos benefícios do sistema. E começou a agir. A Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações enviou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior um aviso ministerial sobre a pretensão de incluir a obrigatoriedade do Ginga no PPB em gestação no MDIC para fabricação de conversores populares no país.

Da equipe de Lula, o único remanescente é o próprio André Barbosa. No início do governo Dilma, houve mudanças de pessoal em todos os ministérios. Só esta semana, em Brasília, na sede do Ministério das Comunicações, aconteceu a primeira reunião da equipe do novo governo encarregada do tema. Estiveram presentes representantes da Casa Civil, do Ministério da Ciência e Tecnologia e da academia. E os trabalhos foram retomados.

Cenário

A reunião ministerial acontece no momento exato em que o Fórum Brasileiro de TV Digital vive um impasse com relação ao desenvolvimento de uma suíte de testes para aplicações interativas. A indústria de receptores tem, mais uma vez, tentado atrasar o cronograma de implantação da interatividade criando obstáculos ao desenvolvimento da suíte.

As últimas discussões giram em torno da obrigatoriedade ou não da Sun apresentar ao Fórum SBTVD uma suíte de testes para componentes do Ginga-J, parte do midleware. Hipótese levantada por integrantes da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, Eletros, com assento no Fórum, e que encontra eco na academia, defensora da tese de que o Ginga-J é dispensável sob argumentação de que o Ginga-NCL, com Lua, resolve bem a equação. A indústria de software, por sua vez, teme que a Totvs, já bastante adiantada (inclusive com uma proposta de modelo de negócio para interatividade pronta, testada e aprovada pelos radiodifusores), monopolize o mercado.

Vale lembrar que, na tentativa de acelerar a disponibilidade da suíte de testes, o governo articulou com a Totvs a cessão da suíte desenvolvida por ela e em já uso por seus parceiros. A empresa afirma que sua suíte é 100% aderente às normas de intertividade referendadas pelo Fórum SBTVD, e a concorrência contesta.

“Essas discussões estão acontecendo, de fato, mas acredito que na próxima reunião do Fórum SBTV, em um mês, a gente resolva a questão da suíte de testes”, afirma André Barbosa. “A Totvs entregou todo o código fonte da suíte e nós convocamos a academia para avaliar. Na próxima reunião a universidade dará o seu parecer a respeito”.

Com informações de IDG Now.