Desde que se tornou um nome conhecido há um ano atrás, Edward Snowden tem aparecido para o público apenas como um rosto em tele-transmissões de seu exílio, seja em Hong Kong ou na Rússia. Mas na era dos robôs de telepresença, ser apenas um rosto em uma tela não precisa ser tão restritivo como costumava ser.
Pelo menos nos últimos três meses, Snowden e seus apoiadores têm feito experiências com um sistema de presença remota chamado Pro Beam, que tem uma tela Wi-Fi e câmera conectados sobre rodas. Snowden pode usar o sistema para se comunicar com funcionários no escritório do New York American Civil Liberties Union (algo como “União da Liberdade Civil Americana de Nova York”, ACLU), de acordo com seu advogado Ben Wizner. A partir de um computador em Moscou, ele pode ligar o robô e passear pelo escritório.
“Ele usou para andar pelo corredor e generosamente interagir com um grande número de funcionários da ACLU”, diz Wizner. “Eu acho que essa pode ser uma resposta profunda para o exílio”.
O Beam bot de Snowden estava nos escritórios da ACLU desde antes de sua conversa na conferência TED, em março, quando ele usou o mesmo robô com rodas para falar no palco. Wizner diz que os organizadores do TED queriam testar a tecnologia em Nova York antes dela ser usada no evento. “Eles trouxeram alguns modelos para o escritório, e nos deram um login”, diz Wizner. “Descobrimos que ele funcionou muito bem.”
Snowden pode dirigir seu sistema de telepresença com as setas do seu teclado, por cerca de dois quilômetros por hora. Ele tem uma vida útil de bateria de até oito horas, e ainda vem com um “modo de festa” que ativa mais microfones ambientes e eleva o volume de seu alto-falante.
Para Erin Rapacki, a diretora de marketing da empresa criadora do robô, o primeiro uso público da tecnologia foi um sucesso impressionante. Ela ressalta que o Beam usado por Snowden para falar na TED tinha o tamanho de um ser humano. Já quando o vice-diretor da NSA, Richard Ledgett, respondeu a Snowden no mesmo palco, ele o fez através de um streaming de vídeo em uma tela enorme. “Ele quase parecia o Big Brother”, diz Rapacki. “Não foi tão íntimo. Com o Beam, você está em um nível de pessoa a pessoa”.
