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HTML5 ainda não está pronto para uso amplo na web, admite W3

HTML 5, ainda em desenvolvimento
O HTML5, sucessora da linguagem padrão de programação para a web e desenvolvida para oferecer suporte a recursos avançados de programação, vem recebendo grande apoio por parte de empresas como Apple, Microsoft e Google. Mas por hora as especificações não estão prontas a ponto de permitir sua implementação em larga escala em sites, informa um executivo da W3C, órgão que supervisiona o desenvolvimento desse padrão.

“Atualmente, o problema maior é o enorme bochicho gerado em torno do HTML5, que ainda não está pronto em função de questões de interoperabilidade, que incluem diferenças de vídeo em dispositivos distintos”, diz o executivo Phillipe Le Hegrat, que comanda o comitê de interação de domínios do W3C. Le Hegrat responde pelas especificações dos formatos HTML e SVG (Scalable vector graphics).

“Não acredito que esteja pronto para ir ao ar”, continua Le Hegrat. “Principalmente porque o W3C ainda tem modificações a fazer nas APIs. Neste momento, a dificuldade está em fazer o HTML5 funcionar bem em todos os navegadores”.

Al Hilwa, do departamento de análises do IDC, concorda com as colocações de Le Hegrat.

“A linguagem está em vários níveis de implementação em browsers. Se você observar os navegadores perceberá que as adaptações mais significativas são feitas nas versões beta”, diz Hilwa. “O IE9, por exemplo, não deve sair oficialmente até a primeira metade de 2011. Será quando a maioria das empresas começará a adotar esse softwares”.

Um fornecedor interessado nas especificações afirma que algumas partes do HTML5 estão prontas, outras, não.

“O HTML5 está em desenvolvimento já há algum tempo e muitas partes dele estão prontas. Os recursos de Canvas 2D e os websockets para comunicação entre browsers são um exemplo”, afirma John Fallows, CTO da Kaazing.

Le Hegrat concorda que o HTML5 é conhecido por mudar as regras. As empresas podem implementar a linguagem HTML5 em intranets e em outros ambientes, onde a renderização ocorre em um ambiente controlado. Mas, no caso da web aberta, isso não se aplica, justamente pelo fato da interoperabilidade entre browsers.

“A indústria está acordando para o fato do HTML5 ser algo real”, diz Le Hegrat.

Nas especificações da linguagem são mencionados o suporte ao vídeo e ao Canvas 2D. Mas outras tecnologias, como o CSS e o MathML pertencem a chamada plataforma web aberta e elas ainda não são cobertas nas especificações do HTML5.

A Apple anuncia o HTML5 como substituto do Flash, da Adobe, quando o assunto é tecnologia de internet. Ocorre que tecnologias similares ao Flash e ao Microsoft SilverLight ainda têm lugar garantido na internet. “Não vamos aposentar essas tecnologias tão cedo”, diz Le Hegrat. Ele acredita que ainda falta muito tempo para o ponto em que a web esteja pronta para suportar a plataforma HTML5 . O executivo mencionou o IE6 como exemplo de browser que, mesmo não tendo suporte e com mais de dez anos de existência, ainda é bastante usado.

Em desenvolvimento desde 2004 pelo Web Hypertext Application Technology Working Group, a perspectiva é de que o HTML5 seja lançado de forma integral daqui a dois anos.

“Até a metade de 2011 queremos que a linguagem esteja formada”, diz Le Hegrat. ‘Assim que chegarmos a esse ponto, o W3C irá solicitar que os últimos comentários sejam encaminhados. A isso seguem as fases de recomendação piloto e a recomendação padrão. Depois disso, estará pronto”, finaliza Le Hegrat.

Sobre algumas lacunas no HTML, como a falta de um codec de vídeo, ele reconhece que elas existem, mas não espera obter esse recurso na próxima especificação. “Trata-se de uma patente”, diz Le Hegrat. “O codec MPEG-4 é um exemplo disso. Ele é protegido por patentes”.

Outro recurso que não é ainda parte do HTML5 é a gestão de direitos digitais, sem a qual muitos produtores de conteúdo em vídeo não vão integrar seus trabalhos em ambientes HTML5.

O HTML5 não apresenta, ainda, ferramentas robustas para programação. “A Adobe tem um software para isso integrado ao pacote Creative Suite”, ressalta Le Hegrat.

Com informações de IDG Now.