A guerra de informação entre a Turquia e a WikiLeaks ganhou um novo capítulo no final da tarde de ontem quando a ONG cumpriu o prometido e soltou documentos sobre os bastidores da tentativa de golpe militar.
Em represália à publicação de quase 300 mil mensagens de e-mails do partido governista, o domínio da WikiLeaks foi bloqueado em toda a Turquia.
No total, são 294.548 e-mails enviados entre 2010 e 6 de Julho deste ano, uma semana antes de tanques e tropas ocuparem as ruas das principais cidades do país. As mensagens partiram todas do domínio akparti.org.tr, o principal endereço utilizado pelo partido governista AKP. Todos os e-mails para podem ser lidos na íntegra e pesquisados no site da WikiLeaks.
Segundo a ONG especializada em divulgar documentos sigilosos de governos de diversos países para expor as reais intenções de seus governantes e agentes, a fonte desse vazamento maciço “não está conectada de forma alguma com os elementos por trás da tentativa de golpe ou com um partido ou estado rival”. A WikiLeaks também ratificou que não é nem a favor e nem contra o governo do presidente Erdogan, mas tem interesse em divulgar “a verdade”.
Em virtude da perseguição extrema conduzida por Erdogan após o fracassado golpe para tirá-lo do poder, a WikiLeaks resolveu adiantar a publicação das mensagens. O vazamento não deve parar por aí, uma vez que a ONG havia prometido quase um milhão de documentos relacionados aos bastidores políticos da Turquia. Esse lote inicial de mensagens abrange somente e-mails de contas de usuários com iniciais de A até I, o que corrobora a expectativa de novas publicações.
Aparentemente, o conteúdo divulgado está inacessível ao povo turco, principal interessado nas informações que possam ser extraídas dessas mensagens. O domínio da WikiLeaks foi bloqueado no país e a ONG está instruindo usuários e simpatizantes a incentivarem o uso de proxys e torrents para que o material possa ser divulgado dentro da Turquia.
Até o coletivo hacker Anonymous está apoiando a iniciativa e está conclamando seus membros a ajudarem a divulgar o vazamento da WikiLeaks, dentro e fora do país: “nós solicitamos às pessoas da Turquia que se interessem pelo material que a WikiLeaks está lançando e não o ignorem apenas porque um líder lhes disse isso. Nós advogamos pelo uso de ferramentas anti-censura como Tor, I2P ou VPN. Nós iremos fazer nosso melhor para traduzir esses e-mails e documentos para a comunidade internacional ler e oferecer uma compreensão melhor da situação atual na Turquia”.