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WikiLeaks revela estrutura de monitoramento em massa da Rússia

A revelação de que a agência norte-americana NSA espionava cidadãos de seu próprio país e tinha um imenso aparato de monitoramento pegou muita gente de surpresa anos atrás.

Mas hoje a WikiLeaks iniciou uma série de vazamentos de documentos que mostram que a Rússia possui uma estrutura similar com os mesmos propósitos, dentro de casa.

Os chamados Spy Files Russia revelam que o Estado fornecia tecnologia e infraestrutura para operadoras e empresas de telecomunicações em território russo, mas também instalava secretamente mecanismos que permitiam aos seus serviços de Inteligência monitorar e interceptar comunicações em larga escala. No caso russo, a instalação de determinados componentes em sistemas é obrigatória por lei e não há uma distinção legal clara entre grampos autorizados pela Justiça e vigilância em massa executada pelo governo.

Ao todo, a WikiLeaks divulgou 209 documentos relacionados a essas atividades de monitoramento, datados entre 2007 e 2015. A vasta maioria dos arquivos divulgados estão no original, em russo, mas detalham minuciosamente e com muitas especificações técnicas como funciona o sistema de vigilância implantado no país.

Há quem veja na iniciativa tardia da WikiLeaks uma tentativa de afastar as suspeitas de que a entidade aparentemente não-governamental tenha ligações com o governo russo. Que o país controlava com mão de ferro o tráfego de dados dentro de suas fronteiras era uma realidade praticamente aceita por todos, mesmo na ausência de documentação técnica com detalhes dos procedimentos. Resta saber por que a WikiLeaks demorou tanto tempo para apontar a existência dessa infraestrutura.