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Mashups: entenda essa combinação de conteúdo digital

Tanto entre leigos como programadores, mashups se popularizam pela facilidade de misturar conteúdos online para consumo próprio de dados.

Na internet, tudo se cria e tudo se transforma. A adaptação da lei pelo químico Antoine Lavoisier para explicar a conservação de massa pode muito bem ser aplicada para a possibilidade de interação entre conteúdo profissional e amador na internet.

Se blogs, podcasts e álbuns de fotos digitais ajudam o usuário a se expressar livremente, é outro pilar da chamada Web 2.0 que dá a qualquer um a possibilidade de interagir não apenas com dados alheios, mas com serviços e sites desenvolvidos por outros usuários.

Nomeados a partir do fenômeno musical que mistura voz e batida de canções diferentes, os mashups são aplicações online resultantes da soma de dois ou mais conteúdos ou serviços que, juntos, oferecem uma nova função para o usuário.

Tecnicamente, o propulsor para a febre dos mashups é um velho conhecido de qualquer usuário: as APIs.

Amplamente usado em sistemas operacionais, o pequeno pacote, que representa a sigla em inglês para interface de programação para aplicativos, empacota códigos específicos de tal serviço que facilitam a criação de um projeto híbrido por programadores.

Buscadores, como Google e Yahoo, portais de e-commerce, como Amazon e eBay, serviços destinados a conteúdo do usuário, como Technorati, e até mesmo empresas desconhecidas nascidas da onda do mashups começaram a inundar a internet com seus APIs.

Os motivos que levam uma gigantesca companhia, como o Google, a abrir parte do código de um produto seu passa tanto pela popularização do Google Maps pelo uso de mashups como a capilarização alcançada por blogs que anunciam produtos da Amazon por meio de APIs.

A aposta foi certeira: a proliferação de mashups apoiada pelos numerosos APIs de grandes companhias fez com que buscadores desenvolvessem ferramentas para que a criação de um projeto fosse fácil como arrastar um arquivo pelo desktop.

Do caos se faz o conteúdo

Imagine que você tem um blog onde escreve sobre todos os bares visitados, criando uma espécie de catálogo sobre os lugares com indicações sobre melhor prato, estimativa de preço e endereços.

Ao integrar o conteúdo feito por você com os mapas oferecidos por serviços como Google Maps ou o Yahoo Maps, é possível criar uma espécie de quadro de camurça digital, onde um simples clique sobre as taxinhas digitais apresentam fotos do local.

O acesso de outros usuários também se torna mais fácil – é possível saber as principais opções de restaurantes em determinada região da cidade ou, com a integração de um serviço de direções, saber o exato caminho de cada até o bar.

A essência dos mashups, aliás, se baseia bastante na comunidade: por mais que construir um apenas para você seja uma boa idéia no caso de informações sensitivas, seu projeto pode ser enriquecido com informações de outros usuários ou replicado para outros usos.

A facilidade com que se localiza visualmente informações – de grandes jornais ou blogs desconhecidos – torna mashups feitos em mapas os mais populares da web, segundo levantamento do site especializado Programmable Web.

Dados indicam que 48% dos 1.930 mashups rastreados pelo Programmable Web usam mapas para posicionar geograficamente informações que vão de consoles Wii, da Nintendo, atualmente em falta no mercado norte-americano, a vagas em pensões listadas no serviço de classificados CraigList.

Não é só de mapas, porém, que vivem os mashups. Introduzido em fevereiro, o Yahoo Pipes aposta no fluxo de informações derivadas de diversas fontes em apenas um “cano” de informações – daí a inspiração do nome do serviço.

Em sua maioria, as informações são acessadas por feeds de RSS que, por meio de ferramentas desenvolvidas pelo programador ou oferecidas pelos portais, mixam apenas as informações que interessam ao usuário.

Feeds de RSS têm papel fundamental no desenvolvimento de mashups por separarem o conteúdo em um canal independente – sem isto, seria impossível integrar ao mapa da sua cidade, por exemplo, suas fotos pessoais automaticamente.

Serviços de sindicalização, como Google Reader, Netvibes e PageFlakes, podem ser indicados como mashups básicos por permitirem que o usuário consuma a informação da maneira que melhor lhe parecer.

A variedade de serviços online que podem ser mixados pelo usuário torna bastante alto o número de mashups que podem ser criados pela comunidade.

O Programmable Web lista 214 serviços online que podem ser integrados livremente entre si, possibilitando a criação de mais de 45 mil aplicações online na teoria – na prática, muitas integrações podem não ter aplicação específica alguma.

O número, contudo, deve crescer ainda mais pela inclusão de serviços que oferecem novas ferramentas aliadas ao aumento no número de APIs disponíveis e na popularização de comunidades onde leigos podem criar e compartilhar livremente seus projetos.

Ao contrário da figura pejorativa que normalmente confere, os mashups, com sua constante transformação de conteúdo alheio, encarnam o ditado de Lavoisier para a internet como seu principal mérito.

Com informações de IDGNOW!.