O Facebook não foi a única rede social afetada pela interferência da Rússia em uma tentativa de manipular a opinião pública norte-americana: o Twitter publicou nessa quinta-feira um extenso relatório a respeito do caso.
O levantamento faz parte da colaboração do Twitter para as investigações sobre a manipulação estrangeira hostil durante as eleições norte-americanas de 2016, mas evidências apontadas pelo The New York Times apontam que a manipulação continua.
Na quinta-feira, o Vice-Presidente do Twitter para Política Pública Colin Crowell se reuniu com as Comissões de Inteligência do Congresso dos Estados Unidos que estão analisando a questão. Embora a empresa não possa revelar para o grande público os detalhes da reunião ou do funcionamento de seus mecanismos internos contra bots e redes de manipulação, o Twitter se comprometeu a ser mais transparente sobre esse combate.
De acordo com seu relatório, a rede social sempre buscou remover conteúdo malicioso, inverídico ou que promovesse outras formas de violação de sua Política de Uso. Durante as eleições de 2016, foram combatidos tuítes e contas que “estavam tentando suprimir ou de outra forma interferir com o exercício dos direitos de voto, incluindo o direito de ter o seu voto contado, através da circulação de informação enganosa de forma intencional”.
Embora o Twitter não possa ligar todos os casos reportados a atividade russa, há uma admissão de que “a Russia e outros estados pós-soviéticos tem sido uma fonte primária de conteúdo de spam e automatizado no Twitter por muitos anos”. A plataforma vem aperfeiçoando seus mecanismos de supressão de contas automatizadas, muitas vezes detectando perfis falsos no próprio processo de login, quando ele parece suspeito de ser executado através de scripts.
Apesar dos esforços, o Twitter reconhece que é uma batalha árdua: “desde Junho de 2017, nós fomos capazes de detectar uma média de 130.000 contas por dia que estão tentando manipular os Assuntos do Momento – e tomamos medidas para prevenir esse impacto”.
Entretanto, segundo o jornal The New York Times, ainda existem tentativas em larga escala do governo russo de inflamar a opinião pública nos Estados Unidos através das redes sociais. O incidente recente de atrito entre o Presidente Donald Trump e jogadores da Liga Nacional de futebol americano (NFL) é um exemplo.
Quando os jogadores se ajoelharam durante a execução do Hino Nacional dos Estados Unidos antes de um jogo, em protesto contra as tensões raciais no país, o Presidente Republicano declarou sua indignação contra o gesto através do Twitter, o que deu início a uma polêmica com dois lados opostos.
Mas uma investigação divulgada pelo jornal apontou para uma ampla rede de 600 perfis falsos no Twitter, supostamente ligados a operativos russos ou bots, que eram simpáticos aos dois polos, promovendo ao mesmo tempo hashtags contra e a favor do ato dos jogadores da NFL: #boycottnfl, #standforouranthem e #takeaknee foram utilizadas por contas separadas, mas todas vinculadas a mesma rede.
“O que nós estamos vendo de novo e de novo é que muitas dessas mensagens não são sobre política, um político específico ou partidos políticos”, revelou Laura Rosenberger, diretora da ONG Alliance for Securing Democracy e uma das responsáveis pelo estudo. “É sobre criar uma divisão na sociedade, identificar questões divisivas e alimentar a fogueira”.