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Web prejudica sono dos jovens, diz estudo

Problema está no fato de esse público usar a internet à noite. Pesquisa da Unicamp indica que hábito também afeta rendimento escolar.

Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) indica que a maior parte dos jovens do país usa computadores à noite e que esse hábito está causando problemas de sono e no rendimento escolar, informou a Agência Fapesp.

A pesquisa, que entrevistou 160 adolescentes entre 15 e 18 anos, concluiu que 65% dos jovens usam computador à noite e, desse total, cerca de 76% utilizam o PC entre 18h e 6h. Enquanto isso, 90,4% utilizam nos fins de semana das 17h às 3 horas da madrugada.

“O trabalho mostrou que os adolescentes estão de fato abusando do uso do computador à noite. Os usuários apresentam elementos de distúrbios do sono e têm mais dificuldade para adormecer e para acompanhar as tarefas escolares no dia seguinte”, disse Rubens Reimão, orientador do mestrado de Gema Mesquita.

Ela publicou os resultados no artigo “Uso noturno de computador por adolescentes: seu efeito na qualidade de sono”, que foi incluído na edição de junho da revista “Arquivos de Neuro-Psiquiatria”.

“Os pais, de modo geral, acharam positiva a popularização da internet, porque ela contribui para manter o adolescente em casa, longe das drogas. Mas a pesquisa mostra que o abuso também pode ser prejudicial”, afirmou o pesquisador.

Qualidade de sono

Usando o Indicador de Qualidade de Sono Pittsburgh (IQSP), o estudo, feito com 55 meninos e 105 meninas de dois colégios da cidade mineira de Alfenas, conclui que 72,6% dos usuários noturnos de computador dormem mal. Enquanto isso, do grupo que não usa o PC à noite, 50% têm má qualidade de sono.

A média geral do IQSP foi de cinco para estudantes que não usam computadores à noite e 6,2 entre os usuários, de acordo com a pesquisa. Uma marca de até cinco pontos é considerada normal. Mesmo entre os adolescentes que não usam computador à noite, a qualidade de sono já é ruim”, admitiu o cientista.

Entre os internautas noturnos, 43,3% têm dificuldade ou indisposição para acompanhar tarefas diurnas, contra 23,2% dos não-usuários. “A literatura mostra que a insônia é o mais comum entre os distúrbios do sono. Esses adolescentes demoram para pegar no sono e têm padrões de sono degradados, que vão de duas horas a seis horas por noite”, disse o professor.

A pesquisa incluiu também dados sobre a avaliação escolar dos alunos, que não foram incluídos no artigo. “Os dados apresentados na dissertação indicam que os adolescentes que abusam da internet à noite têm notas piores e faltam mais”, afirmou o professor da Unicamp à agência Fapesp.

A idéia da pesquisadora Gema Mesquita agora é avaliar em sua tese de doutorado o impacto do uso noturno do PC entre o público de 18 a 25 anos de idade.

Com informações de G1.